quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Planeta em Risco


Em menos de noventa anos, os ecossistemas conhecerão uma falência irreversível, diz estudo.
Conclusão é de um estudo publicado na renomada revista Nature. Cientistas afirmam que ecossistemas não resistirão às mudanças climáticas.
 Um estudo publicado pela renomada revista Nature mostrou que muitas mudanças de fato estão acontecendo.
Afetado pelas degradações do homem, o meio ambiente estará chegando no limite já em 2100. Colocando em outras palavras: em menos de noventa anos, os ecossistemas conhecerão uma falência irreversível, anunciando o fim do planeta. Parece que está longe, mas, pensando no ponto de vista da vida em evolução, o que há de se esperar daqui por diante o que nossos descendentes vão ver no futuro da humanidade.
 Para os 22 cientistas que assinam o artigo Approaching a state-shift in Earth’s biosphere, analisando a perda da biodiversidade e as bruscas mudanças climáticas, o estudo mostrou que quase a metade dos climas conhecidos hoje no planeta estariam perto de desaparecer, sendo substituídos, entre 12% e 39% da superfície do globo, por condições nunca antes vistas pelos organismos vivos. Como as mudanças aconteceriam de forma brutal, os ecossistemas não conseguiriam se adaptar.
Mudanças sempre aconteceram no planeta. O que diferenciaria a situação atual, no entanto, é que elas não estariam ocorrendo por catástrofes naturais, como a alteração da composição do oceano e da intensidade do Sol, e sim pela pressão dos mais de sete bilhões de habitantes, que chegarão a nove bilhões em 2050.

“Na época em que o planeta passou do período glacial para o atual, interglacial, mudanças biológicas das mais extremas apareceram em apenas mil anos. Na escala da Terra, é como passar do estado de bebê à idade adulta em menos de um ano. O problema é que o planeta está mudando ainda mais rápido agora, explica Arne Moers, co-autora do estudo e professora de biodiversidade na Universidade Simon Fraser de Vancouver. A pesquisadora continua: “O planeta não possui a memória de seu estado precedente. Tomamos um risco enorme ao modificar o equilíbrio radioativo da Terra: mudar brutalmente um sistema climático para um novo estado de equilíbrio no qual os ecossistemas e nossas sociedades serão incapazes de se adaptar. (…) O próximo passo poderá ser extremamente destruidor para o planeta. Uma vez que o limite crítico for ultrapassado, será impossível voltar atrás”.
De acordo com o estudo, este limite corresponderia à utilização de 50% dos recursos terrestres. O problema é que, hoje, os humanos já usam 43% dos ecossistemas. Um terço da água doce disponível é utilizada pelo homem. A taxa de extinção das espécies chegou a índices jamais alcançados durante a evolução humana, de dez a cem vezes o ritmo natural de extinção constatado pelos cientistas em um período de 500 milhões de anos.
Anthony Barnosky, paleobiologista na Universidade da Califórnia em Berkeley, descreveu: “Diante desses elementos, podemos afirmar que um colapso é plausível já no próximo século”, assegurando que ainda há incertezas, ou seja, trata-se de saber agora se esta mudança planetária é inevitável e em quanto tempo ela acontecerá. 

* Publicado originalmente no jornal  Le Monde e retirado do site Opinião e Notícia.

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