A água de reúso tem características que atendem a necessidade das indústrias. |
No Rio de Janeiro, a Cedae criou um projeto de reúso da água tratada de esgoto do mundo, atendendo as indústrias. O investimento em tecnologia faz com que se reaproveite o que antes se jogava fora, resultando em um processo que vai além da economia. O canal do Cunha, um dos rios mais poluídos do Brasil, apresenta uma água escura e com forte mau cheiro, não há oxigênio, o que torna o ambiente inadequado à vida. Mas é nele que sai toda água utilizada numa fábrica de produtos químicos situada na Zona Norte do Rio de Janeiro. Com esse sistema alternativo de tratamento, a empresa não tem mais a necessidade de comprar água potável. São 80 mil litros de água por mês, o suficiente para abastecer uma cidade de 25 mil habitantes. Em quase 10 anos, a economia chegou a R$ 25 milhões.
"Basicamente a gente tem uma economia de 30 a 40% na parte financeira", diz o engenheiro de produção Pedro Henrique Lemos. O que é descartado volta para o rio e nem lembra aquela água suja. Dalva Santos, gerente operacional da Haztec destaca:
"A água é infinitamente melhor do que o que a gente captou porque dela já foi retirada toda a matéria orgânica, todos os sólidos em suspensão. Apenas ela carreia um pouquinho mais de sal do que a que a gente retirou"Próximo ao local, fica uma das maiores estações de tratamento de esgoto do Brasil e também um dos mais inovadores projetos de reúso de água. No local, passam dois mil litros de esgoto tratado por segundo, seguindo para o canal do Fundão e depois para a Baía da Guanabara. Transformada em água limpa, transparente e sem cheiro, inofensiva para o Meio Ambiente. A Cedae, Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro, tem um projeto que prevê a construção de uma adutora com quase 50 quilômetros de extensão: sai da estação de tratamento de esgoto da Alegria, no Rio de Janeiro, atravessa a Baía da Guanabara por debaixo do espelho d'água, até chegar ao Complexo Petroquímico, que está sendo construído pela Petrobrás em Itaboraí, Região Metropolitana. O contrato já foi assinado e prevê investimentos de R$ 1 bilhão. O sistema deve começar a operar em abril de 2015.
Mas antes de ser bombeada para o Complexo Petroquímico, a água ainda vai passar por outro nível de tratamento. "Qualidade excelente com o tratamento terciário, tratamento biológico, anaeróbico, aeróbico, com membranas, então é um modelo que, com um pequeno tratamento adicional poderia até ser bebido", afirma o presidente da Cedae, Wagner Victer.
Esse projeto levou a Sabesp, Companhia de Águas e Esgoto de São Paulo, a investir R$ 364 milhões em parceria com a iniciativa privada no projeto Aquapolo. Uma adutora levará, a partir do mês que vem, água tratada de esgoto da estação na capital paulista até o Polo Petroquímico do ABC. Dez indústrias receberão mil litros de água de reúso por segundo. Isso seria o suficiente para abastecer uma cidade de 500 mil habitantes. O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, afirma:
"A água de reúso tem características que atendem toda a necessidade das indústrias do Polo Petroquímico. É uma água pura, com muito poucos sais, e que não vai dar problema na produção industrial, na caldeiraria, é uma água, diria até que em determinados parâmetros são mais rigorosos que a água potável".Em 2010 foram vendidos 800 milhões de litros de água de reúso, em 2011, 1,5 bilhão de litros. Para este ano, a previsão é de 1,7 bilhão de litros com um faturamento de R$ 3 milhões.
Na conta dos técnicos da companhia, quanto maior o uso de água tratada de esgoto, menor será a pressão sobre as nascentes e mananciais que abastecem São Paulo. Massato ainda ressalta:
"Nós não temos água suficiente para atender 20 milhões de habitantes e o crescimento anual de 200, 250 mil habitantes por ano nos faz buscar soluções cada vez mais distantes e cada vez mais caras. Portanto a água de reúso é uma solução que contribui para manter o abastecimento de água potável para 21 milhões de habitantes da Grande São Paulo".Portanto, podemos ver que o Brasil vai descobrindo que a despesa com o tratamento de esgoto pode virar receita e trazer excelentes resultados tanto para as indústrias quanto para o Meio Ambiente.
Fonte: Mundo Sustentável
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